Caro colega médico, o tema do blog de hoje é um artigo publicado na revista médica JAMA Network Open, que traz informações relevantes sobre a associação da saúde mental de profissionais da medicina e erros médicos.
De acordo com a pesquisadora Karine Pereira Lima, o conteúdo apresenta um indicador preocupante: um médico com sintomas depressivos possui 95% mais chances de relatar ter cometido erros médicos, em comparação a outros colegas médicos que não apresentam os sintomas dessa doença.
Além disso, diversos estudos já demonstraram que a depressão e os sintomas depressivos são altamente prevalentes entre médicos, em relação a proporção da população geral.
Outros dados analisados, apontaram que médicos que cometeram um erro tiveram risco 67% maior de apresentar sintomas depressivos no futuro, na comparação com médicos que não relataram erros. Na direção contrária, a presença de sintomas depressivos resultava em um risco relativo de 62% de relatar um erro médico no futuro.
A realidade brasileira
Os erros médicos impactam diretamente na saúde e bem-estar dos pacientes. Segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar da UFMG, 54.769 pessoas morreram em 2017 em decorrência de eventos adversos graves relacionados à assistência hospitalar. Em geral, essas mortes por falhas poderiam em grande parte ser evitadas.
Mais de 36 mil desses casos poderiam ter sido prevenidos. São números que constam no 2º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo instituto da UFMG. O anuário classifica como evento adverso qualquer incidente que resulte em dano ao paciente.
Em uma matéria publicada no Correio Braziliense, o jornal destacou uma pesquisa que analisou: um a cada quatro médicos possui sinais de depressão. Além disso, um levantamento recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) com 7,7 mil médicos revelou que 44% deles sofriam de depressão ou ansiedade.
Prevenção e tratamento
Reduzir e prevenir a depressão entre os médicos exige dois focos distintos de atenção: um nas instituições e outro nos próprios médicos, especialmente naqueles que são residentes em formação.
É preciso se abrir para as múltiplas perspectivas de tratamento, não se fechando exclusivamente ao tratamento farmacológico como alternativa, considerando as possibilidades da psicoterapia e de abordagens de relaxamento e outras de autoconhecimento como recursos que podem favorecer a resposta ao tratamento e prevenir as recaídas.
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